Meus irmãos:
Na Liturgia cristã, o que é primeiro ou mais: o pão ou a água?
Claro que é a água: o pão alimenta, mas sem água não há vida.
Não há vida, dizem-no a ciência e os cientistas, mas não só. Francisco põe um exemplo:
“A água potável e limpa constitui uma questão de primordial importância, porque é indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos. …. A pobreza da água pública verifica-se especialmente na África, onde grandes setores da população não têm acesso a água potável segura, ou sofrem secas que tornam difícil a produção de alimento. Nalguns países, há regiões com abundância de água, enquanto outras sofrem de grave escassez“.
Tão importante é a água que, mesmo no sacramento, antes do pão com os Apóstolos, a água com a samaritana.
A Escritura está cheia de água: ela “jorrará até no deserto” (Is 35,6); “Vinde beber desta água, … vós mesmos que não tendes dinheiro [para a comprar]” (55,1).
“Vós, batizados, — agora é Paulo que fala — morrestes ou morreis como Cristo. Ele morreu e foi enterrado na terra; vós sois enterrados como ele, mas na água; ressuscitareis depois da água tal como ele ressuscitou do sepulcro” (Rm 6,4).
Representar isto? No cristianismo primitivo, havia uma piscina (batismal): o batizando entrava na água dum lado e morria nela; mas saía do outro lado, ressuscitado homem novo. É só ir a Monforte (Palma), a Idanha ou a Mértola…, ou mesmo a Conímbriga (este batistério já não é bem, bem assim)…
S. Pedro dizia isto doutra maneira, não da mesma, claro: “O Pai do Senhor Jesus Cristo gerou-nos de novo para uma esperança viva! Aconteceu o mesmo que com a ressurreição de Jesus” (1 Pe 1, 3-6).
Vamos então ao sinal da água. O do pão virá depois, a seu tempo.
Arlindo de Magalhães, 21 de Maio de 2017