As línguas antigas tinham muito poucas palavras. Por isso, as poucas que existiam referiam muitas coisas. Ainda hoje é assim: – Ó Coisa, chega-me essa coisa!, dizem assim ainda hoje os mundos dos analfabetismos, quando não pior. No hebraico, a língua em que foi escrito o Antigo Testamento, não havia a palavra parábola, havia sim uma outra – mashal – que significava muitas coisas: semelhança, comparação, provérbio, enigma…
No grego, a palavra que deu a nossa parábola – parabolê – significava quase só comparação; mas designava também género literário que transmitia um ensinamento contando uma pequena história baseada na vida real.
Há outros géneros literários semelhantes mas, de facto, diferentes. A fábula, por exemplo: toda a gente conhece a fábula da raposa e das uvas. A raposa olhou, viu as uvas, como não lhes chegava, disse: – Oh, não prestam! Estão verdes! E foi-se. Trata-se aqui de uma história não real. Uma fábula é uma história inverosímil: a raposa não inventa – Estão verdes! – quando não chega às uvas!
A parábola é diferente: é uma história verosímil. O que ela conta pode acontecer. Assim a do semeador e da semente.