Irmãos e Irmãs: A nossa Comunidade comemorou, durante todo este ano, os seus 40 anos de existência. No encerramento desta comemoração, o nosso bispo, D. António Francisco dos Santos, realçou aqueles que têm sido os três grandes pilares na nossa vida comunitária. Disse ele:
“As três razões fundantes desta Comunidade – celebração e ensino da fé e os pobres -, que teve o seu início há 40 anos, em Novembro de 1974, são ainda hoje questões prioritárias no seu caminho.”
Como os primeiros cristãos, também nós tentamos ser assíduos aos ensinamentos do Evangelho, às orações comuns, à fração do pão celebrada todos os domingos, e à comunhão fraterna concretizada na partilha da Boa Nova de Jesus e de todos os bens recebidos de Deus através d’Ele, na ajuda solidária aos mais necessitados de entre nós e aos que vamos descobrindo nas imediações da nossa Comunidade ou que a nós recorrem.
Somos conscientes de que a partilha fraterna é uma parte da comunhão fraterna. Por isso, a comunhão fraterna tem sido, para nós, um desafio constante não só para a recolha e dádiva de bens materiais a distribuir pelos mais necessitados mas, sobretudo, para conseguirmos acompanhar com amor e carinho os doentes em tratamento, os doentes acamados ou hospitalizados, os mais idosos e os mais abandonados pela injustiça dos homens. Como grupo (e, talvez, como Comunidade), atrevemo-nos a pensar que nem sempre temos conseguido responder convenientemente a estes últimos desafios, apesar de termos sempre presente o que Jesus nos disse: “cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25, 40).
Tentamos ser o rosto oculto da Comunidade, que em nós deposita a sua partilha, sem nenhum de nós abdicar de também exercer a Caridade, aquela força do Amor que nos faz dar de graça muito do que temos e até, por vezes, do que nos faz falta! Mas não esquecemos que “ainda que eu distribuísse os meus bens pelos famintos, ainda que entregasse o meu corpo às chamas, se não tivesse caridade, isso de nada me adiantaria” (1Cor 13,3).
Sim, gostaríamos de poder dizer que, frequentemente, damos do que é nosso a quem precisa: pão, auxílio monetário, ofertas várias, acompanhamento, carinho, atenção, disponibilidade, tempo para escutar quem vive só, doação dos nossos talentos para a Comunidade e para os outros. Sabemos que é difícil, pois dar é uma coisa e AMAR é outra bem diferente. Assim nos ensinou e praticou o Senhor Jesus! Um só Mandamento Ele nos deixou e um só mandamento nós queremos seguir: Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei!”
Hoje é o dia reservado, pela nossa Comunidade, para a Partilha Fraterna. Ouçamos o Senhor, o nosso Deus!
“Quando fizerdes a colheita do trigo da vossa terra, não segareis até o limite extremo do campo. Não voltareis para apanhar as espigas que tenham caído durante a colheita. Também não havereis de passar duas vezes pela vinha, nem recolhereis os frutos caídos sobre a terra do vosso pomar. Deixá-los-eis para o pobre e para o estrangeiro. Eu Sou IAVÉ, o vosso Deus” (Lv 19, 9-10)
Somos esta Comunidade a caminho levando cada qual, dentro de si, o Reino de Deus! De que adianta à nossa Comunidade dizer que tem fé se não for capaz de concretizar a Caridade? E, agora, estaremos em breve perante um novo desafio que se chama “Refugiados”. Que resposta poderemos dar como Comunidade que tem por princípios fundadores “a celebração e ensino da fé e os pobres”? “Sede hospitaleiros uns para com o outros”, admoesta-nos Pedro na sua Primeira Carta (Pd 4, 9). Hoje é o Dia da Partilha Fraterna. Tudo o que dermos na nossa coleta, a seguir, é para Partilhar com quem realmente precisa. Nunca a mão esquerda saberá o que a mão direita dá!
Grupo da Partilha Fraterna, 6 de Dezembro de 2015