Semanalmente, às 11 horas, a Comunidade reúne-se para a Fracção do Pão.
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A Porta aberta e a Mesa posta: uma comunidade que celebra a sua Fé
Cada Domingo, pelas 11 da manhã, umas 250 pessoas, ora mais ora menos como adiante se diz, sozinhas ou com as suas famílias, sobem a rampa que conduz à igreja do Mosteiro de Santo Agostinho para aí celebrar a Eucaristia. É o encontro semanal da Comunidade Cristã da Serra do Pilar, centro de toda a sua vida de Fé. Uns sobem a pé. São os que habitam nos arredores e para quem o Mosteiro sempre foi o seu ponto de referência. Outros, muitos vindos de longe, foi ali que descobriram novos horizontes para a Fé. Estes vêm de carro ou até de Metro.
As ideias-chave do Concílio Vaticano II chegaram há 40 anos a este antigo Mosteiro dos Agostinhos (século XVII). Pouco antes, acontecera a Revolução do 25 de Abril, que fez cair uma ditadura longa de 40 anos. Logo começou uma revolução litúrgica, um pouco depois arrancou o catecumenato de adultos e finalmente surgiram as tarefas da Caridade. Tratava-se de levar o Evangelho a uma cidade conturbada que podíamos ver, maravilhados, lá de cima da igreja, por cima do rio Douro.
Por aqui passaram muitas pessoas: morreram, nasceram, saíram e entraram, procuraram e encontraram umas; souberam do que acontecia, outras; muitos aparecem só algumas vezes; outros são constantes, todos segundo o ritmo e a lógica urbanos de uma sociedade ou cultura.
Entrando pela porta principal, encontra-se uma igreja circular, com uma balaustrada em pedra que limita dois círculos concêntricos, assim como é concêntrica a imagem do Povo de Deus, todos em frente de todos. Silencioso, interpelando os que vão entrando, encontra-se o móvel quase cúbico da Partilha Fraterna, tão discreto como o serviço que administra as ofertas que aí são deixadas.
O Grupo da Partilha Fraterna, constituído desde 1980, tenta responder às inúmeras situações de precaridade com as quais a Comunidade se confronta e que exigem uma acção reflectida e coordenada. Queremos partilhar o nosso não somente com os membros da Comunidade mas também com os habitantes da escarpa do Douro, quase desaparecida, e de toda a zona circundante ao Mosteiro. O conhecimento dos problemas existentes chega-nos pelas próprias pessoas necessitadas, pelos vizinhos e também pelas crianças da catequese. Para além das ajudas em dinheiro e outros bens materiais, o método utilizado é o de tentar criar uma rede de apoios e solidariedade que esteja em contacto com as instituições públicas e privadas que existem na zona, que possa abrir as portas dos hospitais, dos tribunais, dos empregos, etc. O grande desafio actual é o de conhecer mais profundamente todas as posibilidades de cada um, de forma a mobilizar a capacidade de toda a Comunidade para esta dimensão fundamental de toda a vida cristã.
À porta, encontramos também o Grupo de Acolhimento, os responsáveis por acolher todos os que chegam, sistematicamente ou pela primeira vez. Criado quase logo no ínicio da Comunidade, rapidamente este grupo se revelou uma das suas realidades mais características. E foi através do acolhimento que muitos sentiram que a “Serra do Pilar” é uma casa, onde cada um, pouco depois de chegado, sente que tem rosto e nome. Este grupo pretende também tornar dinâmica a relação e a interdependência dos distintos grupos que compõem a Comunidade e tem uma particular complementaridade com o serviço da Partilha Fraterna.
Ainda na entrada, podemos encontrar a água dita benta, se há pouco tempo tiver sido celebrado o Baptismo: normalmente isso acontece no dia de Páscoa, no Domingo a seguir à Epifania, e num terceiro dia, à escolha, no Verão.
Um pouco adiante do móvel da Partilha Fraterna, a fechar o átrio da entrada, o ambão da Palavra integra-se numa linha axial que, partindo da porta de entrada, passa por ele, pela mesa da Eucaristia – o centro da vida da Igreja -, pela cadeira do que à Liturgia preside, e morre ao fundo da hoje não utilizada capela-mor, a Cruz de Cristo que a todos olha de frente. É do ambão que o Leitor, iluminado pelo Círio Pascal, proclama os textos do dia. À esquerda, está o Grupo Coral que tem como tarefa principal garantir para que a Liturgia seja bela, viva e também musicalmente participada. Em frente, do outro lado da igreja, o Cristo, que, levantando-se da assembleia, “furou os céus” (Hb 4,14).
Para além da celebração da Eucaristia dominical, a Comunidade dispõe todas as semanas de outro momento, a Oração semanal, ao cair da noite. Ali passam muitas das nossas angústias e alegrias, que muitas vezes se celebram também com a Eucaristia. Normalmente, é da cadeira que o Presbítero proclama semanalmente a homilia, de palavras oportunas, profundas e muito claras, dirigidas aos homens concretos, cidadãos deste mundo. Por isso, a Comunidade que aqui nasceu e vive é filha da Palavra e servidora dos homens, seus irmãos, e faz sua esta tarefa: anunciar a Palavra da Libertação, não somente escatológica, mas também histórica.
Sobre o altar lateral que se encontra à direita, pode ver-se a imagem da Virgem do Pilar, com o Menino Jesus nos seus braços, o que ajuda a entender melhor o seu significado. É a patrona do templo, especialmente celebrada no dia da Assunção, uma das festas tradicionais da cidade de Gaia. Mas no alto, sob a entrada da capela-mor, a imagem de Santo Agostinho parece olhar a Comunidade reunida, recordando-lhe que deve sempre viver em Unidade, no essencial; em Liberdade, no acessório; e em tudo, em Caridade.
Terminada a celebração dominical, o grupo de Acolhimento entrega a cada um, à saída, a “Folha Dominical”, para que a possa ler durante a semana. Anteriormente, à entrada, tinha sido distribuída a todos a “Folha da liturgia”, com os textos, os cantos e a homilia da celebração. Dado que a acústica da igreja é bastante má, esta folha permite se possa ouvir melhor a Palavra de Deus, prolongar-lhe os seus efeitos e enviá-la por correio aos amigos. Na “Folha Dominical”, pelo contrário, reproduzem-se textos da actualidade, de variadas origens, e dá-se conta das notícias da Comunidade. Hoje em dia, tudo se pode encontrar na internet, www.serradopilar.com. Os irmãos vão saindo, conversando alegremente entre si, pondo em comum as suas vidas com os seus amigos. Costuma até haver café. Em baixo, na cidade, a vida espera-nos…
Deseja acompanhar de perto a liturgia das v/ celebrações dominicais.
Sim desejo muito acompanhar de perto a vivência da Cominidade. Lá passei os mais belos momentos da minha vida. Aí case em 12/07/92. Aí realizei a Caminhada Catecumenal de 1996 a 2000.
O ano passado vivi com grande desgosto a partida do padre Arlindo. Como desejaria que ele me abraçasse agora, neste momento da minha vida em que luto contra o cancro. Que saudades sinto da presença física dele! Por favor podem fazer-me chegar a folha de celebração? Grata!