Catecumenato – Paulo Melo
Ecumenismo – José Sequeira
Presidência Leiga – Margarida Ferreira
Música – Fernando Lapa
Espaço Litúrgico – José Nobre
Saudação ao Bispo D. Manuel Linda
Categoria: Acontece
Visita Pastoral de D. Manuel Linda
“O bispo tem confiança nesta comunidade, por isso incentivo, continuem…”
Homilia de D. Manuel Linda no cinquentenário da Comunidade da Serra do Pilar
O absoluto de Deus e uma Igreja com futuro
No dia comemorativo do cinquentenário do nascimento desta Comunidade da Serra do Pilar, a liturgia interpela-nos com textos bíblicos profundos e exigentes. A primeira leitura, construída à base do pregão muito forte e implicativo do «Shemá Israel» -“Escuta, Israel”- é um repto a abrir bem os ouvidos para que a rotina não conduza ao embaciado de uma fé que pode ter deixado ténues reminiscências de Deus, mas que já não Lhe dá guarida no coração e na existência. Recitado todos os dias como oração da manhã e da noite pelo judeu piedoso, este brado e o texto que se lhe segue lembra três realidades fundamentais: ao contrário das fantasias politeístas de todos os outros povos, para Israel, o centro da fé reside no absoluto de Deus, afirmado como “o único Senhor” que não admite rivais; o consequente amor que lhe é devido, expresso no cumprimento rigoroso dos mandamentos de Moisés; e a certeza de que a promessa de vida e felicidade se realizará, o que suporta e acalenta a grande virtude da esperança.
Jesus, no Evangelho, confirma tudo isto. E acentua algo que, não sendo absolutamente desconhecido dos judeus, tem de ser trazido para o centro, pois tinha sido afastado para as periferias da fé: o amor ao próximo. De facto, na lei de Moisés, o próximo era só o familiar ou membro da mesma tribo; para Jesus, o próximo é toda a mulher e todo o homem, incluindo os inimigos: “Amai os vossos inimigos”. De resto, este duplo preceito do amor nem sequer figurava no mesmo livro da Lei: o amor a Adonai é referido no Deuteronómio e o amor ao próximo consta do Levítico. A grande novidade de Jesus é juntar em uma única realidade a dupla face do amor, tal como numa moeda ou medalha.
Dou graças a Deus porque, não obstante os ânimos e desânimos inerentes à história, nos seus cinquenta anos de vida, esta Comunidade da Serra do Pilar se tem caraterizado pela afirmação do absoluto de Deus, por manter viva a esperança do cumprimento das suas promessas e por fazer do amor, mormente o amor social, o referente necessário que deriva da fé. Nascida no contexto otimista e empolgante do pós-Concílio, encontrou no Catecumenato a forma de abrir os ouvidos a este “Shemá, Israel”. Sem se tornar elitista ou sectarista e apenas dar abrigo a uma minoria esclarecida. Tal não aconteceu porque a força do Espírito abre as portas que nós teimamos em fechar, como na manhã límpida e cristalina do Pentecostes. Daqui a vossa bela palavra de ordem: “Porta aberta e mesa posta”.
Não me sendo possível referir todos os aspetos que desejaria, devido à escassez do tempo, neste vosso processo existencial e formativo gostaria de referir três âmbitos, que constituem outras tantas colunas onde assenta uma Igreja com futuro: a iniciação cristã ou catecumenato; o lugar dos leigos na Igreja e o consequente princípio da sinodalidade; e o mundo como lugar teológico ao qual somos enviados como fermentadores.
O pressuposto da cristandade, de que quem nascia em terra cristã era cristão, está mais que desmentido pela realidade. O Cristianismo de tradição desapareceu. Hoje, é cristão apenas aquele que se disponibiliza a fazer a passagem do homem velho para o novo, que tem a sua perfeição em Cristo, numa progressiva mudança de mentalidade e costumes, com suas consequências eclesiais e sociais. No fundo, é a passagem de uma fé inicial para uma outra cada vez mais adulta, convicta e comprometida. É fomentar o encontro pessoal com Jesus e com o Evangelho de maneira mais intensa, através de uma experiência fascinante que leve a uma adesão, comunhão e intimidade plena com Ele.
Depois, o lugar do leigo na Igreja. O Vaticano II, afirma solenemente que os leigos, incorporados a Cristo pelo Batismo, são parte insubstituível do povo de Deus e participam no múnus profético, sacerdotal e real de Cristo. Ora, «uma Igreja sinodal é uma Igreja na qual todos os fiéis, que gozam de uma igual dignidade, caminham juntos, em comunhão uns com os outros. Cada um é convidado, segundo a sua vocação específica e carisma, a participar ativa e efetivamente na missão comum da Igreja. Como discípulo-missionário, cada um é chamado a anunciar o Evangelho onde quer que esteja e, assim, a ser corresponsável pelo destino da Igreja em caminho». Mas é isto que vemos no dia-a-dia? Infelizmente, não. Então há que limar as arestas. Estas tanto podem estar do lado de um clericalismo que pretende eternizar o seu estatuto, como da parte do comodismo e do não- te-rales dos leigos, habituados a delegar no padre os assuntos da fé e da Igreja. Mas esta é diálogo e participação de todos, sem que o clero se laicize nem os leigos se clericalizem.
Finalmente, o mundo, qual tarefa urgente. Os leigos vivem e expressam o sacerdócio comum dos fiéis na participação da vida da Igreja, mas não menos no compromisso no mundo. Guiados pelo Evangelho, é sua missão fermentar a sociedade, antecâmara do Reino de Deus, na santidade e na justiça. Pelo seu testemunho e carismas, manifestam Cristo aos outros e constroem a “civilização do amor”, mediante um desenvolvimento integral, de rosto humano. Em união com os seus Pastores e em espírito de sã autonomia, bem a partir do coração do mundo, são chamados a transformar a sociedade e a inserir nela o sal que dá sabor e a luz que faz ver a beleza do Evangelho. Nesta linha, sei que têm sido meus aliados diretos na campanha de restituir o Domingo à sua dimensão religiosa e familiar e evitar que os centros comerciais constituam a única meta do “passeio dos tristes”, como alguém já disse. Continuemos, pois esta é uma questão civilizacional.
Irmãs e irmãos, celebramos cinquenta anos de vida e missão. Deus compense os muitos leigos e alguns sacerdotes que a ela se dedicaram. Da parte destes últimos, para além do atual Presidente, o caro P. Serafim, não posso esquecer o saudoso P. Arlindo. Mas outros também colaboraram, como o P. Crespo ou mesmo o P. Leonel. Agradeço-lhes. E incentivo cada um de vocês a dar corpo ao grande mote do Sínodo, segundo o Papa Francisco: comunhão, participação, missão.
Que o Espírito de Deus continue a soprar sobre vós.
D. Manuel Linda
3 de Novembro de 2024
50º Aniversário da Comunidade Cristã da Serra do Pilar
Visita Pastoral do nosso bispo D. Manuel Linda
Domingo, 3 de Novembro, às 16 horas
Nascida a 3 de Novembro de 1974, a Comunidade Cristã da Serra do Pilar, em Vila Nova de
Gaia, Diocese do Porto, está a celebrar o seu 50o aniversário.
Esta comunidade foi presidida pelo Pe Arlindo de Magalhães durante 49 anos, de 1974 a 2023
(ano do seu falecimento), por nomeação de D. António Ferreira Gomes, de 31 de Outubro de
1974. O atual presbítero é o Pe Serafim Ascensão.
Durante estes 50 anos, a Comunidade recebeu a visita pastoral dos sucessivos bispos titulares
da Diocese do Porto, de alguns bispos auxiliares e de outros que, a convite ou de passagem,
se associaram à celebração dominical. Foi, também, ao longo destes anos, visitada por muitos
grupos de diversas comunidades cristãs, do país e do estrangeiro.
Sempre de “porta aberta e mesa posta”, numa atitude de acolhimento e participação na mesa
da Palavra e da Eucaristia, aqui se reúnem cristãos de longe e de perto, de toda a região do
Grande Porto, decididos a não ficarem encerrados no templo, mas em “descer o monte” em
comunhão com as “alegrias, esperanças, tristezas e angústias” do mundo de hoje.
Surgiram no contexto do pós-Concilio Ecuménico Vaticano II as opções pastorais aqui vividas: o
ecumenismo, o diálogo inter-cultural e inter-religioso, a opção preferencial pelos pobres, o lugar
dos leigos na Igreja e no mundo, a iniciação cristã de crianças e de adultos – catecumenato -,
a autonomia das realidades terrenas, a Igreja como comunidade de Fé, Esperança e Amor
Fraterno, uma Liturgia viva e participada centrada na eucaristia dominical e a organização
ministerial da comunidade.
Do programa desta celebração dos 50 anos da Comunidade, destacamos:
- visita à Comunidade de S. Pedro de Rates, na Póvoa do Varzim, lembrando as muitas
visitas anuais, iniciadas em Maio de 1975, a outras comunidades cristãs; - a evocação de documentos determinantes para a vida da Comunidade;
- a exposição cronológica e fotográfica referente a diversos momentos mais significativos
da história destes 50 anos de vida; - o testemunho de pessoas que participaram na vida da Comunidade em áreas relevantes
- o catecumenato, Paulo Melo; o ecumenismo, José Sequeira; a presidência leiga,
Margarida Ferreira e José Campos; a música litúrgica, Fernando Lapa; a arte no espaço
litúrgico, José Nobre.
Salientamos, ainda, a visita pastoral de D. Manuel Linda, bispo do Porto, que presidirá à
celebração da eucaristia no dia 3 de Novembro, às 16 horas.
“Porta aberta e mesa posta” e “descer o monte” permanecem como sinteses da identidade
desta Comunidade que celebra 50 anos de vida pelos quais damos graças.
O concílio Vaticano II – testemunho
Recordamos um testemunho do pe. Arlindo Magalhães para a Agência Ecclesia, em julho de 2012, sobre os 50 anos da abertura do concílio Vaticano II.
Na Páscoa do Pe. Arlindo
A Folha da vigília de oração, na Páscoa do Pe. Arlindo Magalhães (19 de janeiro de 2023).
(para visualizar em ecrã completo e fazer download, clique aqui)
Novena de Natal 2021
As folhas das celebrações da Novena de Natal 2021.
Segunda-feira, 20 de dezembro
(para visualizar em ecrã completo e fazer download, clique aqui)
Sexta-feira, 18 de dezembro
(para visualizar em ecrã completo e fazer download, clique aqui)
Regresso às celebrações presenciais
Na sequência das indicações da Conferência Episcopal Portuguesa, a comunidade retomará a celebração presencial da Eucaristia no Domingo de Ramos, 28 de março, às 11 horas.
No próximo domingo, 21 de março, terá ainda lugar às 11 horas uma oração dominical online. Para participar é necessário o registo através de email para leal.luismc@gmail.com (Luís Leal), recebendo o link de acesso à oração via plataforma Zoom.
Oração dominical online
Na sequência das indicações da Conferência Episcopal Portuguesa, a Comunidade suspende a sua celebração eucarística aos domingos.
Durante o período de confinamento, a Comunidade reunir-se-á todos os Domingos às 11 horas via online para um momento de oração. Para tal será disponibilizado na véspera o esquema de Oração.
Para participar é necessário o registo através de email para leal.luismc@gmail.com (Luís Leal), recebendo a cada semana o link e password de acesso à oração via plataforma Zoom.
Novena de Natal | 17 a 25 de dezembro
Porque novos problemas requerem novas soluções, este ano a nossa Novena do Natal será em moldes diferentes: não sendo possível o encontro “ao vivo” (no Mosteiro) encontrar-nos-emos “virtualmente” (através da “internet”) para a nossa oração em comum. Quem assim o desejar fazer (basta um computador ou “telemóvel inteligente”), deve entrar em contacto com o Luís Leal: leal.luismc@gmail.com.
Quem não dispuser dos meios técnicos para tal, poderão levar o guião da Novena e, em sua casa e à hora indicada (sempre às 21h30), unir-se “espiritualmente” em oração com a restante Comunidade.
Jejum eucarístico e missas solitárias
Estou cada vez mais convencido de que esta crise, devida ao coronavírus, tornou possível um apocalipse no sentido mais profundo do termo, um «levantar o véu» sobre uma realidade que não sabíamos ler nem destrinçar: um múltiplo apocalipse, que revelou a situação da vida da Igreja em Itália.
Não escondo que existe em mim, mais do que um mal-estar, um verdadeiro sofrimento eclesial. Foi desestabilizada uma convicção profunda que me habitava: a de que, na minha vida de fé, o concílio Vaticano II tenha significado não uma descontinuidade, mas uma verdadeira renovação. Muitas vezes, nestes meses, me pareceu que, ao nível eclesial, se viveu como no tempo da minha infância e juventude, antes da reforma litúrgica e da mudança de paradigma do viver cristão no seio dos homens.
De um modo particular, o modo como foi tratada a eucaristia, o sacramento do qual brota toda a vida da Igreja, em palavras e ações, feriu-me gravemente. Que fique claro: com este contributo não pretendo, de modo nenhum, alimentar polémicas diante das disposições improvisadas, das proclamações plenas de segurança, das asserções ideológicas que se seguiram nestes meses de estado de emergência. Desejo apenas afirmar as minhas convicções, pondo-me à escuta da realidade e das vozes de homens e mulheres crentes aos quais procurei estar próximo nesta situação inaudita.
É verdade, o juízo é severo: continua a ser para mim incompreensível que um presbítero tenha podido pensar estar a celebrar uma verdadeira eucaristia em direto, por streaming, pedindo aos que estavam a assistir de terem um pão na mesa de suas casas e de o comerem no momento próprio do ritual da missa, enquanto o presbítero lhe conferia a “consagração” por via digital. Continua a ser para mim difícil de compreender a «missa sem povo», celebrada por um presbítero solitário e teletransmitida. Na minha mente e no meu coração está impresso o que aprendi no catecismo: para a celebração da missa é necessária a presença pelo menos de um fiel. Recordo-me tantas vezes do padre que vivia na minha aldeia e que, para «poder dizer missa», se esforçava por encontrar um fiel (eu, com frequência, pois vivia diante da igreja), para que a missa pudesse ser celebrada.
As missas solitárias que testemunhamos neste período – por vezes tornadas mais ridículas com fotografias de fieis colocadas nos bancos, ou com criações arbitrárias e histriónicas do presbítero – deram apenas a imagem de um clericalismo que imaginávamos já sepultado. Quase todos se calaram e consentiram com esta situação, salvo alguns padres e teólogos verdadeiramente inspirados pelo Vaticano II. Alguns escreveram até aos respetivos bispos para lhes comunicar que, durante o tríduo pascal, não celebrariam uma eucaristia privada ou teletransmitida, para não viverem uma situação de privilégio. Sejamos claros: muitos presbíteros (e, com eles, algumas comunidades religiosas) puderam celebrar a eucaristia, sem se interrogarem nem discernirem as contradições litúrgicas que viviam, enquanto todos os outros tinham de praticar o jejum eucarístico.
Não posso também esquecer o sofrimento ao saber que muitos doentes, já impossibilitados de ter a proximidade dos entes queridos, ficaram privados também do conforto religioso. Os presbíteros obedeceram às disposições do governo, mas teria sido bom recordar que os cristãos, sobretudo os anciãos, não se preparam para viver o êxodo desta terra sem a confissão e a eucaristia, situação agravada pela solidão. Cristãos habituados a rezar diante da morte depois de terem recebido o sacramento da confissão e, se possível, a unção dos enfermos e a eucaristia, viveram de um modo mais dramático este testemunho da «pastoral eclesial».
Mais uma vez, foi a voz do Papa Francisco que nos alertou, na sua meditação matutina de 17 de abril, em Santa Marta: «alguém me fez refletir sobre o perigo deste momento que estamos vivendo, essa pandemia que fez que todos nos comunicássemos também religiosamente através dos media, inclusive esta missa: estamos todos comunicados, mas não juntos, espiritualmente juntos. O povo é pequeno. Há um grande povo: estamos juntos, mas não juntos. Também o sacramento: hoje vocês terão a eucaristia, mas as pessoas que estão em conexão connosco (terão) somente a comunhão espiritual. E esta não é a Igreja. Esta é a Igreja de uma situação difícil, que o Senhor a permite, mas o ideal da Igreja é sempre com o povo e com os sacramentos. Sempre».
Eis porque colocamos algumas questões: porquê tanta superficialidade no adotar a modalidade de celebrações eucarísticas em streaming? Porque não dizer claramente que uma «liturgia virtual» não é uma liturgia cristã? E, sobretudo, por que não se conseguiu – à exceção de algumas dioceses – promover uma liturgia doméstica, uma liturgia da Palavra na família e na comunhão, liturgia na qual a presença de Cristo é eficaz e vivificante como na eucaristia? Onde estão os frutos de tantas exortações papais, em particular de Bento XVI e de Francisco, que convidam a celebrar em conjunto a Palavra, mesmo na família ou em pequenos grupos, certos de que o Senhor Ressuscitado está nela presente e que essa Palavra “repartida”, graças à epiclesis, é corpo de Cristo, alimento e viático a caminho do Reino? Não sinto desprezo nem desconfiança em relação aos media que hoje dominam o nosso horizonte, mas continuo convicto de que a virtualização da liturgia significa a morte da liturgia cristã, que é sempre o encontro de corpos e de realidades materiais.
Não esqueçamos que a assembleia, a reunião dos crentes, é a própria essência da Igreja, realidade convocada por Deus. Neste sentido, o sacramento eucarístico não pode ser virtual, mas é vivido na sua realidade de Ceia do Senhor, celebrada por uma comunidade específica. A eucaristia cristã é o evento no qual se come e se bebe em conjunto, assimilando o corpo do Senhor doado na Palavra, no Pão e no Vinho, para se tornar assim o corpo eclesial de Cristo. Se é verdade que não há Igreja sem eucaristia, é também verdade que não há eucaristia sem Igreja.
Tentarei agora, enfim, fazer uma leitura católica do que, na minha opinião, teria sido um melhor proceder. Sabemos antes de mais que os monges do deserto ficavam muito tempo sem eucaristia, na sua solidão expectante do Reino. Também São Bento, o pai dos monges do ocidente, na sua condição eremítica precedente à fundação da vida cenobítica, vivia sem eucaristia. O seu biógrafo Gregório Magno narra que São Bento se esqueceu até uma vez de celebrar a solenidade litúrgica mais importante: «tão afastado dos homens, o servo de Deus ignorava até que aquele era o dia de Páscoa».
Pode-se assim, por um certo tempo, fazer uma vida cristã sem a celebração eucarística. Assim aconteceu no deserto, assim aconteceu e continua a acontecer nas horas de perseguição e, para muitos, nas situações de doença ou de impedimento a participar na eucaristia juntamente com a comunidade eclesial, como na Amazónia ou em terras de missão, devido à escassez de presbíteros. Disto os monges sempre tiveram uma consciência clara. Bastaria reler as palavras de Guilherme de Saint-Thierry, abade cisterciense do século XII: «Se bem que seja lícito celebrar sozinhos (a eucaristia), a seu modo, tempo e lugar, a alguns homens a quem foi confiado este ministério (isto é, os presbíteros), todavia este mistério expõe-se diante de todos (…) Se quiseres, e se o quiseres de verdade, a todas as horas do dia e da noite, na memória de Cristo crucificado e ressuscitado, comerás o seu corpo e beberás o seu sangue» (Carta de Ouro, 117.119).
Mas seja afirmado claramente que, na fé cristã, o «culto segundo a palavra» (loghiké latreia: Rm 12, 1) é antes de mais um culto real: culto na vida, na comunidade dos irmãos e irmãs e no seio da humanidade. E se é verdade que o culto real tem necessidade do culto simbólico, este não pode nunca substituí-lo. Todos sabemos que, mesmo faltando as condições para a celebração eucarística, desejada ardentemente pelos cristãos, a fé não se perde, e mais do que nunca os crentes são chamados a viver o culto como oferta das suas vidas e dos seus corpos, no serviço, na cura e no amor dos irmãos e das irmãs. Somos conscientes de que, durante décadas, os cristãos dos tempos primitivos viveram o culto nas suas casas, como testemunham os Atos dos Apóstolos (cf. 2, 42)? O jejum eucarístico de toda a Igreja, quando é de facto imposto pela situação de emergência, deve encontrar todo o corpo eclesial solidário, todo o corpo empenhado no sofrimento pela «falta» do alimento essencial. Somos chamados a viver a obediência da fé nesta exigente comunhão, na expectativa de podermos celebrar juntos a eucaristia, que é sempre festa pascal.
No meu coração está o desejo de que os cristãos não se habituem à «missa como e quando querem», «de casa», e que possam regressar à eucaristia dominical convictos de que – como diziam os mártires das origens – sine dominico non possumus, «sem a eucaristia dominical não podemos dizer-nos cristãos». Espero também que tenhamos descoberto a força salvífica da palavra de Deus contida nas Escrituras, Palavra pregada e celebrada também na liturgia doméstica.
Enzo Bianchi
In Vita Pastorale, junho 2020, dossier «Questa non è la chiesa»
Retirado de monasterodibose.it
Tradução: Rui Pedro Vasconcelos
Pe. Serafim Ascensão
No próximo domingo, 7 de junho, na eucaristia dominical, celebraremos em comunidade os 50 anos de ordenação presbiteral do pe. Serafim Ascensão.
Devido às condicionantes atuais, não terá lugar o tão desejado convívio após a celebração. Fica o sentido mais importante: o da amizade.
O pe. Serafim nasceu a 28 de outubro de 1944, e foi ordenado presbítero a 15 de março de 1970. Partilha atualmente a vida e o seu ministério na Comunidade de Emaús, no Porto.
«Passou por diversas paróquias da diocese do Porto, por nomeação de sucessivos bispos. Quase acabou “crucificado” na paróquia de S. Martinho do Campo, concelho de Valongo. Os grandes interesses da região não lhe perdoaram que ele sistematicamente extravasasse os ritos e as missas dominicais sem profecia e tivesse uma prática pastoral que abria os olhos às populações. Como Abbé Pierre, também ele gosta de olhar nos olhos as pessoas. E é incapaz de passar adiante, quando nos olhos delas decifra solidões e muitas dores ainda não escutadas, muito menos acompanhadas e curadas. Tanta simpatia (= sofrer com) só poderia ter um desfecho: trocar de vez as paróquias e as suas rotinas eclesiásticas pela Comunidade de Emaús, na Rua do Almada, na condição de companheiro entre companheiros. A tempo inteiro!» (in unicepe.pt)
Celebração comunitária
No próximo domingo 31 de Maio retomaremos a celebração dominical da Eucaristia. Passe-se a palavra. Cheguem 10 minutos mais cedo para que a celebração possa começar às 11H.
Recordamos algumas orientações da CEP – podem ser consultadas, integralmente, nesta ligação: http://www.conferenciaepiscopal.pt/v1/orientacoes-da-conferencia-episcopal-portuguesa-para-a-celebracao-do-culto-publico-catolico-no-contexto-da-pandemia-covid-19/
8. Os fiéis devem higienizar as mãos à entrada da igreja com um produto desinfetante. As pessoas a quem a comunidade cristã confia esta tarefa porão à disposição frascos dispensadores com uma quantidade suficiente de produto desinfetante e verificarão que todos, sem exceção, desinfetam as mãos.
9. É obrigatório o uso de máscara, a qual só deverá ser retirada no momento da receção da Comunhão eucarística.
11. Deve respeitar-se a distância mínima de segurança entre participantes de modo que cada fiel disponha, só para si, de um espaço mínimo de 4m2; deve garantir-se, com medidas adequadas, que as distâncias necessárias sejam respeitadas. A regra do distanciamento não se aplica a pessoas da mesma família ou que vivam na mesma casa.
24. Na procissão para a Comunhão, os fiéis devem respeitar o distanciamento aconselhado. Se for o caso, marcar-se-ão as distâncias no pavimento da igreja. Sendo inevitável uma maior proximidade, os ministros que a distribuem usarão máscara.
31. Os fiéis deixam a igreja, segundo uma ordem fixada em cada comunidade cristã no respeito pelas regras de distanciamento, e não se aglomeram diante da igreja. Algum membro da equipa de acolhimento e ordem velará por isso. As primeiras pessoas a sair devem ser as que estão mais próximas da porta de saída.
Nesta hora
Meus irmãos:
«Uma reflexão sobre esta hora leva-me a dar lugar à meditação, capaz de alimentar seja a oportuna humildade da nossa frágil existência da qual não somos donos, seja a real dependência uns dos outros, seja, ainda, a força da responsabilidade pelo bem comum». A palavra não é minha, é de Carlos Azevedo, bispo. Ele não se zanga comigo por eu a utilizar.
À palavra episcopal acrescento a ajuda de uma pequena oração dominical, solitária ou compartida.
A bênção do Senhor esteja convosco.
Arlindo, presbítero
Noite de Páscoa
Concluída a peregrinação quaresmal – este ano, com o jejum celebrativo –, o Senhor proporcione a todos um Tempo Pascal vivido na alegria e na esperança, com os sinais quotidianos da sua Ressurreição.
Com a oração final da Vigília Pascal de 2019, rezamos:
Nesta solene Noite de Páscoa,
Deus misericordioso vos dê a sua bênção
e a sua graça;
e Ele, que, pela ressurreição do seu Filho unigénito,
nos renovou para uma vida nova,
a nós, que, terminados os dias da Paixão do Senhor,
nos concede celebremos com alegria a festa da Páscoa,
nos faça chegar, um dia,
às alegrias da Páscoa eterna.
Foto: Vigília pascal de 2017
Vigília de Epifania
A Vigília da Epifania – dia 4 de Janeiro – é, tradicionalmente entre
nós, sobretudo um tempo de convívio. Assim o viveremos.
São muitos os adeptos do farrapo velho. Haverá ceia com o que o
trouxermos. E se houver um ou outro que nem tê-lo nem fazê-lo, o farrapo,
não será posto fora. Isto pelas 20 horas, na igreja da Serra do Pilar.
Novena de Natal
Novena vem de 9. Refere-se aos nove dias anteriores ao Natal, dia litúrgico do nascimento de Jesus. Nove dias que têm relação de nove meses que de que necessita tarda uma gravidez no seio de uma mãe.
A partir de terça-feira, dia 17, até à véspera de Natal (excepto no domingo, dia 22), a comunidade reúne-se para celebrar a Novena de Natal. Sempre às 21h30.
45 anos
As fotos da celebração dos 45 anos da Comunidade Cristã da Serra do Pilar (3 de novembro de 2019).
Domingo XVIII do Tempo Comum
Já se encontram disponíveis para consulta na página da comunidade as Folhas da liturgia e dominical e a reflexão homilética deste domingo, XVIII do Tempo Comum.
Ver mais em www.serradopilar.com.
Quarta-feira de Cinzas
Grandes festas, grandes preparações.
Começa na 4ª feira, 6 de março,
a preparação da celebração da Páscoa 2019, às 21H30.
Naturalmente breve, às 23H00 estará toda a gente em casa,
que o dia seguinte é de trabalho.
Não é necessário salientar a importância desta celebração
no conjunto do ano litúrgico.
Quem quiser participar no jantar comunitário de jejum,
traz o seu pão e a sua maçã e comeremos em fraternidade às 21H00.
Da água trata a Comunidade.
No fim passa a cesta a recolher o resultado para a Partilha Fraterna.
Celebração Ecuménica
Corre esta semana, de 17 a 25, o Oitavário de Oração pela Unidade das Igrejas Cristãs, que as há muitas, não só a Católica Romana: a luterana, a anglicana, a presbiteriana, a baptista, um nunca mais acabar.
Quase no princípio desta Comunidade irmanamo-nos à Igreja do Torne. Tudo começou muito bem, meiou ainda bem, … mantemos há anos ainda um encontro mensal de oração, ora lá, ora cá…
Este ano cabe-nos a nós receber o Torne. E era bem que estivéssemos, alguns e algumas, pelo menos não deixássemos morrer uma prática com os irmãos nossos vizinhos que, connosco, todos os meses rezam o Pai Nosso.
5ª feira, aqui na Serra, às 21H30.