Estamos aqui para celebrar a nossa fé, pois que o seu anúncio e ensino têm sido valores cultivados por esta Comunidade ao longo destes 40 anos. Também o serviço aos mais pobres tem sido uma causa que nunca se perdeu.
As três razões fundantes desta Comunidade – celebração e ensino da fé, e os pobres -, que teve o seu início há 40 anos, em novembro de 1974, são ainda hoje questões prioritárias no seu caminho. Estamos aqui para comemorar o encerramento deste 40º aniversário, uma data jubilar. Quero agradecer o seu testemunho a todos aqueles que a constituíram e constituem, a começar pelos mais pequeninos, que são também o futuro no seu caminho.
Quero agradecer ao Pe. Serafim, que hoje tem uma missão mais dedicada ao serviço dos pobres mas sem perder no horizonte a necessidade do anúncio do Evangelho e do ensino e celebração da fé, tão necessários num mundo novo, e de uma Igreja renovada.
Quero lembrar a memória do Pe. Leonel de Oliveira, que aqui esteve durante 13 anos e que faleceu há 15 dias atrás. Nós, os três sacerdotes que aqui estamos, acompanhámo-lo em vários encontros, tal como tantos a quem ele ajudou a conhecer o amor terno e misericordioso de Deus e o valor do serviço à causa dos mais pobres. Ele fez da sua casa a casa da Caridade e da sua vida um cuidado dos mais pobres.
Aqui estamos todos juntos para celebrar o domingo, neste dia em que a Igreja portuguesa se reconduz aos Seminários, no encerramento da semana a eles dedicada.
Neste dia, todos nós voltamos também o nosso olhar apreensivo e magoado na alma e no coração da Humanidade para os recentes acontecimentos de Paris, onde o horror levou vidas e onde a ignomínia quis meter medo ao futuro da Humanidade, que se deseja livre, sonhadora e próspera.
Estamos também, no contexto nacional, algo apreensivos pelo nosso futuro, pleno de sacrifícios acrescidos em tantos portugueses e no horizonte da Humanidade, sobretudo da Europa; estamos aqui todos para abrir as portas àqueles que nos procuram, saindo dolorosamente de países em guerra onde a dignidade é desrespeitada e onde a liberdade de viver não é possível.
Estamos aqui para acolher a Palavra de Deus, que, na sua fragilidade, é um valor maior daqueles que choram por um futuro melhor.
Estamos aqui para transformar e repartir nesta mesa o pão amassado com os esforços e o sacrifício de tanto trabalho humano, e abençoado pela misericórdia imaculada de Deus, para que o mundo seja de todos: a Eucaristia.
Estou aqui a dar graças a Deus para, em nome da Igreja do Porto, agradecer o privilégio desta Comunidade e para repartir o anúncio da Palavra de Deus e a alegria do Evangelho. Estou aqui para multiplicar o pão neste mistério que o Senhor nos concedeu, “em minha memória” e para bem de todo o Povo.
Vamos todos assumir as intenções de cada um para que, em comunidade e verdadeira comunhão, celebremos a alegria e a Esperança de todos.
Reunidos à volta do altar e frente ao círio pascal, que é uma luz pequenina que ilumina o nosso caminho e que é a luz de Cristo; reunidos para ouvirmos a Palavra de Deus, para testemunharmos o calor do nosso coração, sentiremos que somos frágeis e pecadores mas também que é sempre um bem maior a força e a grandeza da misericórdia, da ternura, da bondade e do amor de Deus.
D. António Francisco dos Santos, 15 de Novembro de 2015
(Transcrição da Saudação inicial à Comunidade)
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