Contaram-me — não sei quem — que, no princípio, varria quem sujava. Isto é: todos sujavam, todos ou quase todos varriam. Organizavam-se equipas e não custava nada. Mas depois… parece que foram dizer ao presbítero que era melhor contratar uma empresa de limpeeeeeza que… Mas parece que ele respondeu que só por cima do cadáver. E deixou de se varrer a igreja. E um domingo, meia hora antes da celebração, ele pôs-se a varrer a Igreja. As pessoas chegavam, ficavam admiradas, queriam tirar-lhe a vassoura, mas ele, nada, continuou a varrer até à hora de começar a Liturgia. Resultado: não foi preciso mais nada. Ele nunca mais disse uma palavra.
Hoje em dia, bem, acho que ele devia fazer o mesmo outra vez. As flores, outro que tal. A linguagem das flores, todos a entendem: sobre um túmulo, numa mesa de festa, como oferta, a flor pode ser a mesma mas o sentido é muito diferente. Na vida social como na Liturgia, flores bonitas, bem postas, cor e perfume, significam tanta coisa: alegria, festa, respeito, amor, gratidão… Um grupos de jovens celebrava a Eucaristia ao ar livre, era em África. Havia uma grande pedra a servir de altar. Um pastor, também jovem, passava um pouco ao lado com o seu rebanho, olhou e não viu, trazia uma flor na mão, aproximou-se, não disse nada, pousou a flor em cima da pedra e foi-se.
A beleza de uma criatura trazida ao Criador. É difícil exprimir sentimentos com flores. Mas é necessário fazê-lo. Faz parte da Liturgia, dizia já o Concílio de Trento. Muita gente não percebe: pensa que as flores só são bonitas quando são muitas e caras. Não percebem que quanto mais luxo, mais lixo. Mesmo tratandose de flores. Limpar e adornar o espaço sagrado é muito importante: “despontam as flores na terra, chega o tempo das canções” (Ct 2,12).
Serra do Pilar, 2014.04.02