“Este pobre grita e o Senhor o escuta!”
1 – “Este pobre grita e o Senhor o escuta“. (Sl 34, 7). “As palavras do salmista tornam-se também as nossas no momento em que Quem escreve aquelas palavras não é estranho a esta condição; bem pelo contrário. Faz experiência direta da pobreza e, apesar disso, transforma-a num cântico de louvor e de agradecimento ao Senhor. Também a nós hoje, imersos em tantas formas de pobreza, este salmo permite que compreendamos quem são os verdadeiros pobres para os quais somos chamados a dirigir o olhar, para escutar o seu grito e conhecer as suas necessidades.”
…”Com efeito, ninguém pode sentir-se excluído pelo amor do Pai, especialmente num mundo que frequentemente eleva a riqueza ao primeiro objetivo e que faz com que as pessoas se fechem em si mesmas.”
“Gritar“. Seremos nós capazes de estar despertos e atentos ao grito do pobre que clama” por melhores condições de vida e por um mínimo de dignidade e não serem perseguidos em nome duma falsa justiça, oprimidos por políticas indignas deste nome e atemorizados pela violência?”
Neste Dia devemos fazer um sério exame de consciência e verificarmos se somos verdadeiramente capazes de escutar os pobres.
“Responder“. Qual será a nossa resposta ao grito do pobre? Vamos ficar indiferentes e impassíveis ou tentar envolver-nos e descobrir formas de criarmos condições para que se chegue às causas da pobreza combatendo as desigualdades cada vez mais profundas e, defendermos uma melhor distribuição da riqueza?
Como muito bem diz o Papa, na sua mensagem, este Dia pode ser uma gota de água no deserto da pobreza, mas também pode ser um sinal de partilha para com os que estão em necessidade, para sentirem a presença ativa de um irmão e de uma irmã. O nosso envolvimento tem que ser pessoal e procurarmos que seja alterada uma situação degradante e revoltante que a todos nós deve preocupar e obrigar a fazer algo.
“Libertar“. “A pobreza não é procurada, mas é criada pelo egoísmo, pela soberba, pela avidez e pela injustiça” E o que podemos fazer?
O padre Américo não se cansou de defender e gritar bem alto que cada freguesia devia tratar dos seus pobres. Se isto fosse feito e cada um de nós se sentisse envolvido e responsável para que tal acontecesse, estávamos no bom caminho e dados os primeiros passos para uma sociedade mais justa e fraterna.
E porque não pensarmos e pormos em prática um PLANO NACIONAL DE LUTA CONTRA A POBREZA, com um Serviço Nacional de Luta contra a Pobreza, na dependência da Casa Civil do Presidente da República?
Este Serviço seria composto por sete membros designados pelo Presidente da República, Primeiro-Ministro, Tribunal de Contas, EAPN -European Anti Poverty Network (Rede Europeia anti Pobreza, Associação Nacional do Combate à Pobreza, Associação Portuguesa Transparência e Integridade e Banco Alimentar. Funcionaria na Presidência da República, no primeiro trimestre de 2019 elaborariam um Regulamento Interno, com sete artigos., o mais simples e rigoroso possível.
Nunca esquecer que isto seria um SERVIÇO a prestar à sociedade e comunidade mais carenciada, sem remuneração, com direito a ser compensado de despesas efetuadas, devidamente comprovadas e sem exageros, com a máxima parcimónia.
Os fundos para o desenvolvimento deste trabalho sairiam dos orçamentos das seguintes entidades: Tribunal de Contas, Casa Civil da Presidência da República, Conselho de Ministros, Ministério do Trabalho e Solidariedade Social, Ministério da Defesa, Câmaras Municipais, Juntas de Freguesia. O contributo de cada entidade seria 1% do seu orçamento anual. Também seria uma fonte de receita o dinheiro apreendido pela PSP, GNR e PJ, dos roubos de que não fossem localizados os seus legítimos donos, assim como o resultado da venda de armamento apreendido e, de objetos perdidos e não reclamados. Todo este processo seria supervisionado e fiscalizado pelo Tribunal de Contas.
Seriam criadas sete zonas no País: Trás- os -Montes, Minho e Alto Douro / Beira Alta, Beira Baixa e Beira Litoral / Alto e Baixo Alentejo e Algarve / Açores / Madeira / Zona Metropolitana de Lisboa / Zona Metropolitana do Porto.
Este movimento partiria do interior para o litoral, tendo em conta que as zonas mais carenciadas e abandonadas são as do interior, mas tendo sempre como base as freguesias e, um trabalho feito da base para o topo. Cada freguesia faria o levantamento das suas principais carências e dificuldades, que encaminharia para o Serviço Nacional de Luta contra a Pobreza, avançando desde logo com propostas de trabalho e de soluções para combater essas carências.
Entretanto, até ao final do corrente ano seriam designados os sete membros do Serviço Nacional. A cada um destes elementos seria atribuído uma zona, ficando responsável pela coordenação do trabalho a desenvolver.
Na primeira semana de cada mês reuniria num concelho da sua zona, a convite desta zona, para no local começarem a ter uma primeira noção das dificuldades e necessidades existentes e, desde logo, uma primeira abordagem a possíveis soluções. Este levantamento seria mensal e dado público conhecimento a todos nós pela Casa Civil do Presidente da República, através dum simples e concreto relatório do Serviço competente. Para quê? Para que cada um de nós e, muito em especial, cada zona e cada freguesia, tivesse conhecimento concreto e real das carências e pudesse contribuir para as mitigar e ultrapassar.
Este trabalho não seria para ser feito SÓ por aqueles membros, mas por TODOS e CADA um de nós como corresponsáveis de todo o processo.
Todos os que andassem no terreno a proceder ao levantamento teriam de o fazer de coração aberto e, atento, a quem era dirigido todo este trabalho e não se considerarem como tendo todas as soluções e respostas aos problemas.
Neste momento e, segundo o Instituto Nacional de Estatística, praticamente um quarto da população portuguesa, 25%, está no limiar da pobreza.
Com o Plano agora apresentado teríamos o objetivo de em cada legislatura reduzir um quarto deste número, de modo a passadas quatro legislaturas termos reduzido substancialmente os 25% da população nacional mais carenciada.
Não podemos continuar indiferentes, a uma situação tão grave que atinge tantos milhões de irmãos nossos. Não podemos esperar que os poderes instituídos resolvam por si só o problema, pois se assim fosse não existiria ou, já teria sido combatido. Temos de ser TODOS E CADA um de nós a tomar consciência das suas responsabilidades e fazer algo que contribua efetivamente para o resolver.
Se assim acontecer, daqui a um ano podemos ter em mãos um levantamento rigoroso e efetivo da situação e propostas de solução.
Temos de estar atentos aos três verbos em que o salmo caracteriza a atitude do pobre e a sua relação com Deus: “GRITAR” “RESPONDER” “LIBERTAR” e, que em cada ano que passe, podermos afirmar que algo foi feito e, que os números desta verdadeira calamidade vão diminuindo. Não somos nós um povo solidário e fraterno que sempre sabe dar uma resposta nas alturas mais difíceis e nas grandes tragédias? Só temos de ter consciência que as desigualdades devem diminuir e não aumentar e, que não são os outros que devem resolver este problema, mas TODOS E CADA UM DE NÓS.
Martin Luther King, disse um dia: I Have a Dream! – Eu tenho um Sonho!
O poeta escreveu e cantou: “Sempre que um homem sonha, o Mundo pula e avança, como bola colorida, nas mãos duma criança”.
Vamos TODOS dar o nosso melhor no sentido deste sonho se tornar uma realidade!
António Martins, 18 de Novembro de 2018