Marcha nupcial?

MarchaNupcial                                                      Marc Chagall, Wedding Crop

Comece por dizer-se que a Marcha Nupcial, tradicionalmente tocada nos casamentos, é parte de um poema sinfónico composto por Felix Mendelssohn (1809-1847), inspirado numa comédia de William Shakespeare (1564-1616)  que tinha por título Sonho de uma noite de Verão.

A cena passa-se em Atenas, por ocasião do casamento de um tal Duque Teseu com uma amazona, Hipólita. Não se sabe ao certo quando foi escrita pelo grande dramaturgo inglês, embora se pense que na última década do séc. XVI.

No século XIX, por volta de 1820, Mendelssohn encanta-se com o texto de Shakespeare e inicia a composição do poema sinfónico, ou seja, de uma composição baseada num poema ou texto literário em que o autor procura descrever sentimentos e despertar emoções. Com o romantismo e a queda ou desaparecimento do racionalismo, a Música esforçava-se, cada vez mais, por traduzir sensações e ideias definidas e concretas. A esta música — romântica — se deu o nome de Música de programa que, pouco a pouco, começou a distanciar-se da anterior, luxo aristocrático, quando muito prazer espiritual de alguns privilegiados da fortuna que podiam ter ao seu serviço compositores e intérpretes. Em palavras simples a própria música erudita passou a inspirar-se nas coisas do povo e a tornar-se ”uma necessidade e um acontecimento social de alcance universal”.

Assim nasceu o Sonho de uma noite de Verão, de Felix Mendelssohn, que o compositor foi escrevendo — dos seus 17 aos 33 anos — ao longo da uma curta vida. Morreria com 38.

Digamos que este poema sinfónico exprime em música os sentimentos e emoções do texto shakespeariano.

Da peça de Mendelssohn, que tarda uns 45 minutos e foi estreada em Potsdam, em 1843, faz parte uma Marcha Nupcial, que descreve o brilhantismo do casamento de Teseu e Hipólita. A obra, no seu todo, foi executada uma primeira vez em 2 de Junho de 1847 (o compositor morreria a 4 de Novembro desse mesmo ano) num casamento celebrado em Inglaterra. Onze anos depois, a futura rainha Victória, ainda princesa, escolheu-a também para o seu casamento com o Príncipe herdeiro da Rússia, no dia 15 de Janeiro de 1858.

De então para cá, Marcha Nupcial é Marcha Nupcial, se bem que nada tenha a ver com a Liturgia cristã do casamento.

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