Um dia, Jesus resolveu ir ao Templo. Entrou e ao passar à beira de uma malta que estava admirada com a beleza do seu interior, o Templo adornado de belas pedras e cheio de dinheiro de promessas que os ricos deitavam no cofre do tesouro, contrariamente a uma pobre viúva que apenas deitou duas insignificantes moedas (Mc 12,42), comentou: “Virá o dia em que de tudo isto que estais a ver, não ficará pedra sobre pedra” (Mc 13,2).
Jesus disse da beleza e do esplendor do Templo, mas disse logo também que esse não era nem o lugar nem o caminho de encontrar Deus.
O Templo de Jerusalém deve ter sido coisa tão grande que, com o desastre da conquista de Jerusalém levada a cabo pelos romanos, anos 68 – 70, saqueando e pilhando tudo se espalhou ouro por toda aquela região
O historiador Flávio José, hebraico de nascença e depois cidadão romano, deixou escrito que ”uma libra de ouro vendia-se então por metade do seu preço anterior”.
Quem já visitou a basílica de São Pedro do Vaticano e percebeu e dito com Agustina que a Basílica de S. Pedro, de Roma, “é uma igreja pagã…, poderíamos dançar lá dento”!, ou se espantou com a Catedral agora queimada de Notre Dame de Paris, mesmo assim, certamente se impressionou e admirou. Mas nada disso me levou a ser mais honrado, mais justo e de melhor coração. Não é por aí que se encontra Deus.
Mas quando Jesus lhes disse que, do Templo de Jerusalém, “não ficará pedra sobre pedra”, eles entenderam que seria o fim do mundo.
Mas Jesus respondeu-lhes: “Não vos deixeis enganar…… Quando ouvirdes falar de guerras, revoltas e revoluções, não vos alarmeis… Não será logo o fim… Deitar-vos-ão a mão, é verdade, hão de perseguir-vos…, mas não vades atrás deles…” (Lc 21,9). Esses iluminados aproveitar-se-ão desses momentos de crise e desconcerto para vos oferecer soluções seguras.
Cuidado, essa gente é perigosa! Desgraças, calamidades, guerras, crises económicas, haverá sempre. Até ao fim dos tempos. Mas não percamos a cabeça. A pior de todas as calamidades é o medo, o medo da perda das nossas melhores aspirações.
A vida é mais forte que tudo o mais. O pior é o medo.
É tempo de continuarmos a nossa vida. Após uma pausa no último ano, vamos retomar o Catecumenato, nascido em 1975, se alguns antigos catecúmenos e catecúmenas que tenham vivido o catecumenato aqui, na Serra do Pilar, quiserem voltar à reflexão catecumenal, agora a fazer como que uma reciclagem.
“À catequese de adultos corresponde a diocese (do Porto) de formação permanente e de encontrar formas de a realizar: a experiência pioneira da Comunidade da Serra do Pilar… [e] a criação do Centro Catecumenal do Porto…” (História Religiosa de Portugal, PV-Apêndices, 2001, 33).Fico à espera de recicladores…, pois que “Como cristão que sou não penso que seja o fim. É um desafio para a chamada Nova Evangelização”, escrevia Frei Bento Domingues, há um mês atrás.
Arlindo de Magalhães, 24 de novembro de 2019