Meus queridos amigos:
Passada quase uma semana, gostaria de vos deixar umas palavritas sobre a nossa festa bonita da música para a liturgia na comunidade da Serra do Pilar. Agora tenho um pouco mais de tempo, apesar de esta roda continuar a girar sem descanso…
A primeira coisa que gostava de dizer é que me senti e sinto muito feliz com aquilo que pudemos preparar e realizar para os outros nesta nossa “empreitada” conjunta. A concretização esteve bastantes furos acima daquilo que poderiam prever os menos confiantes.
Não me espanta, porque sei bem como sabemos fazer as coisas quando as escolhemos porque gostamos, porque vale a pena. E este projecto tem esses condimentos todos.
O concerto foi bonito. E bem feito. Ponto. Os grupos, os instrumentistas, todos os outros estiveram à altura do nosso sonho. Ainda que possamos lembrar-nos de algumas pequenas imperfeições – elas existirão sempre, em todos os concertos de todos os intérpretes. A obra humana traz sempre algo disso. Nunca nos deve fazer esquecer a imensidão da qualidade musical, artística, técnica, celebrativa, de verdadeira comunhão que foi a maior parte do nosso canto colectivo.
Quero felicitar-vos por tudo isso. Porque vocês foram um elemento importante em tudo o que aconteceu. Desde logo no papel central de todo o concerto, como coro que mantém estes cânticos no activo, nas celebrações ao longo do ano. O Coro da Serra é o intérprete natural destas músicas. Por isso vos dei mais trabalho no conjunto do programa. A vossa resposta foi excelente, apesar da juventude de muitas das vozes do coro actual. (Gostei muito de ver isso. O futuro faz-se assim, desde agora.)Permitam-me que destaque “O Senhor está próximo” e “Esta é a aliança”. Sem esquecer o grande gesto, aberto e festivo de todo o “Grande Hallel”. Como quem acredita no que está a cantar. Houve alguns momentos muito fortes ao longo do concerto, onde me parecia que todos éramos muitos mais do que o que se via, com o espaço cheio de som por todo o lado. Por exemplo no “Glória ao Pai” final, que, de peça insegura e menos natural, se transformou naquilo que sempre pensei: um largo canto de louvor.
Quero agradecer-vos ainda pela forma atenciosa e amiga como foram respondendo a todas as etapas do percurso: assiduidade e empenhamento nos ensaios, cuidado e aprumo naquilo que o exigia, vontade de fazer bem, simpatia. E pela forma como conseguiram fazer encher a Igreja para o nosso concerto.
Mas quero felicitar-vos também pela organização cuidada e “profissional” de tudo. Interior e exterior ao concerto: pastas para todos os coros, divulgação do concerto, materiais de publicidade, arranjo dos espaços, qualidade gráfica de cartazes e afins, sem esquecer as garrafinhas de água… E uma outra coisa de que não falámos, mas que foi o ponto de encontro descontraído de todos nós e dos nossos muitos amigos, no final do concerto, à volta de uma mesa que nem por sombras imaginava que pudésseis prever. Muito obrigado.
Sei bem que estas coisas são sempre obra de muita gente. Alguma dela nunca se sabe o que fez. Mas esteve lá, fez ou fez fazer. Permito-me destacar aqueles que foram os meus interlocutores mais frequentes: o Fernando Fonseca, o Arsénio, e sobretudo o Vasco. Não posso deixar de referir a velocidade com que conseguimos (o Vasco conseguiu) dar a volta a um problema de última hora, mobilizando a Catarina para tocar flauta (com qualidade e competência) já com a meta à vista… Sem esquecer o muito jovem, mas excelente organista que nos trouxe.
Por tudo isto, em meu nome pessoal, quero deixar aqui um grande abraço para todos vós. Com as minhas felicitações pelo bom resultado do concerto. Com o meu reconhecimento por tudo o que fizeram. E pela forma como o fizeram. Talvez nos possamos voltar a encontrar noutra qualquer aventura musical. Entretanto “façam o favor de ser felizes”.
Fernando Lapa, 25-01-2014