Renovar o Corpo

Povo mais numeroso que as estrelas do Céu; Povo de mulheres e de homens cuja condição é a dignidade e a liberdade dos Filhos de Deus, cuja lei é o mandamento novo e que caminha para o Reino de Deus? (LG 9); Povo em que todos são chamados à santidade e cujos membros não conhecem desigualdade alguma, por motivo seja de raça ou de nação, de condição social ou de sexo; Povo em que, embora nem todos sigam pelo mesmo caminho, reina igualdade quanto à dignidade e quanto à [capacidade] de atuação em favor da edificação do Corpo de Cristo (LG 32).

Somo-lo — um Povo — por força da Ressurreição e pelo Batismo.

Um Povo! Um Povo ou é vivo, cheio de vida e de força, ou gravemente enfermo, com rosto já enfezado e definhado, corpo já não criador porque anda mas é com uma enorme dívida de Graça às costas…

Que povo somos nós? Um povo velho e de velhos, a viver do antigo?

Que Igreja somos nós? Acossados de toda a parte, ele é a pedofilia, ele a falta de diálogo interno, a separação e a diferença entre homens e mulheres, entre clérigos e leigos, diferença em que a maioria continua a ser leiga em toda a matéria, lugar onde o serviço se tornou poder, e cada vez mais quer ser grande quando tem é de tem de se fazer pequeno (Mc 10,43) …

Morremos se não nos renovamos. E eu já disse muitas vezes que corpo ou grupo social que se não renova, morre. A Igreja, se não se renova, morre! Ecclesia semper reformanda!, dizia já Santo Agostinho no séc. IV.

Vamos deixá-la morrer ou somos ainda capazes de reunir os que andam perdidos, distraídos, ocupados com mil e uma ninharias?

Se, no tempo que corre, nós ainda encontrámos a Boa Nova de Jesus, porque não a podem também encontrar aqueles que a procuram? Se eu ainda sei aonde a encontre, porque não o direi a quem o quer saber?

Esta tarefa, este que fazer não é (só) para os outros: esta tarefa é de todos e cada um. E, se cada um trouxer outro, este corpo velho reencontrará a vitalidade que a ressurreição de Jesus e o seu Espírito nos garantiram.

É a Serra do Pilar capaz de levar a cabo este desafio — de voltar a reunir os que andam perdidos?… — ou já está morta?

Arlindo de Magalhães, 21 de abril de 2019