Sal

Motoi Yamamoto | Aigues Mortes (2016) https://www.designboom.com/art/motoi-yamamoto-salt-floating-garden-labyrinth-aigues-mortes-france-05-23-2016/

Começou logo a percorrer toda a Galileia, cidades e aldeias, a fazer e refazer a aliança entre Deus e o povo, a anunciar a Boa Nova, a curar doenças e enfermidades; mas fazia também visitas, visitava este e aquela, percorrida logo começou a percorrer toda a Galileia a anunciar a Boa Nova, curando ao povo todas as suas doenças e enfermidades; mas fazia também visitas, visitava este e aquele;

de “chicote na mão” (Jo 2,15), já se atirou ao Templo de Jerusalém que era um feira,
e já apresentou as bem-aventuranças,
dirigiu-se então aos discípulos e disse-lhes vós sois o “sal da terra”.
Que quer isto dizer?

Que é o sal e que saberei eu dizê-lo?

O sal é um eficacíssimo conservante (há milénios que se lhe deve a salubridade prolongada de alimentos que, sem ele, ter-se-iam perdido), o sal rouba água, seca tudo (o que reduz a vulnerabilidade de ataques bacterianos), mas — como sabemos — o sal tem muito a ver com a cozinha, com a saúde, com o equilíbrio do organismo humano, nomeadamente com a tensão arterial, etc, etc, etc.

O sal era muito abundante na Palestina, sobretudo no Mar Morto (morto porque nele, a profusão de sal era tal que matava a vida animal e vegetal).

Depois do exílio, quem fizesse ofertas a IAVÉ no Templo de Jerusalém, devia salpicá-las com sal. Porquê? É que, com Deus, fazia-se assim uma “aliança eterna”: “O Senhor, Deus de Israel, deu para sempre o Reino a David e seus filhos, em virtude de uma aliança perpétua” (2Cr 13,5)… e, portanto, sal para significar essa “aliança perpétua”.

É que o sal puro não perde o seu sabor; o impuro, sim, pode perder a salinidade.

Por isso é que, no Batismo, se metia na boca do batizado uma pedrinha de sal? “PARA SEMPRE!”. Claro que, modernamente, se percebeu que não era nada higiénico e sal saiu do Ritual.

Do mesmo modo, quando Jesus disse aos discípulos “vós sois o sal da terra” queria dizer-lhes vós sois a aliança de Deus com o povo vivo.

Arlindo de Magalhães, 9 de fevereiro de 2020