Sobre o Concerto de 18 de Janeiro

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É difícil apresentar um texto que de certo modo transmita a experiência possibilitada pelo Concerto de 18 de Janeiro. A história da Liturgia (e da Música Litúrgica) na Serra do Pilar foi muito bem apresentada por quem de direito, o pe. Arlindo Magalhães. Do mesmo modo, a intenção do Concerto e, sobretudo, da criação musical no contexto da renovação conciliar, foi também muito bem apresentada por quem o deveria fazer, Fernando Lapa.

Só poderei, portanto, partilhar a experiência que pessoalmente vivi durante o Concerto.

Certamente, os discípulos da Primeira Hora – os membros da Comunidade que o são há 20, 30 e, neste momento, 40 anos – terão na memória diversos momentos nos quais a igreja do Mosteiro da Serra do Pilar se encheu com tantas pessoas, tal como aconteceu no dia 18 de Janeiro. Já eu, pessoalmente, não me recordo – talvez numa Vigília Pascal, ou na Festa da Catequese, não sei. Não é que eu seja adepto de números – e de uma pastoral de números. Mas pelo que tal pode significar.

É a própria Identidade (e Futuro) da Comunidade que estiveram, ali, representados e simbolizados: quer nas Músicas, quer no(s) Coro(s), quer na Assembleia. Uma assembleia formada por pessoas da comunidade, mas formada também por pessoas que não tomam parte habitualmente das celebrações da Serra – e pessoas, até, que nem se consideram como pertencentes à Igreja. Mas todas foram, por igual e, ao mesmo tempo, particularmente, tocadas pela Música. Como todos somos, de algum modo, tocados pela Beleza e pela Simbólica, quando elas são bem manifestadas. E a Liturgia é isso por excelência.

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Foi a Comunidade da Serra do Pilar, e o seu Futuro, que estiveram representados naquele Concerto. Uma Comunidade radicada (com raízes) num Concílio que, apesar de todas as tentativas nesse sentido, continua a não querer ser arquivado na longa história da Igreja. Uma Comunidade com o seu lugar na Igreja do Porto, como Comunidade onde a Fé e a Liturgia são vividos de uma maneira adulta e consciente. Uma Comunidade que é um espaço de abertura a todos os que, de algum modo, procuram o Divino e o Humano. Também na Música.

O Concerto marcou 40 anos de história. E marcou, também, um novo ponto de Abertura ao Futuro. Um Futuro que procurará sempre a Beleza, o Simbólico, o Humano e o Divino. A Serra do Pilar terá uma Palavra a dizer. Se o quisermos.

Rui Vasconcelos

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