Sinopse
Na noite de 13 de dezembro de 1943, Primo Levi, um jovem químico membro da resistência, é detido pelas forças alemãs. Tendo confessado a sua ascendência judaica, é deportado para Auschwitz em fevereiro do ano seguinte, onde permanecerá até finais de janeiro de 1945, quando o campo é finalmente libertado.
“Auschwitz – a marca gravada na carne” é a encenação seca e minuciosa da obra “Se isto é um homem”, crónica submissa e, por vezes, intencionalmente humilde de uma experiência extrema: um ano vivido e testemunha do maior horror que o século XX produziu.
Neste espectáculo, procuramos reactualizar um pungente testemunho sobre a condição humana, sobre os seus limites e os seus insuspeitáveis recursos, sobre a sua obstinada capacidade de conceber o bom e sobre a fragilidade das suas defesas perante a sugestão do mal: não é tanto a relação carrasco-vítima que nos interessa encenar (até porque os carrascos raramente aparecem no livro de Levi, longínquos e ausentes, encerrados numa dimensão quase estranha), mas sim a que se cria entre vítima e outra, nas absurdas hierarquias do campo de concentração e nas ingénuas esperanças numa humanidade sobrevivente.
É no lúcido registo da terrível desumanização a que todos, sem exceção, se submetem no campo de concentração, que encontramos a mensagem da mais elevada e sofrida ética contida nesta peça. O juízo moral, naturalmente, não invalida nem ignora as responsabilidades individuais e colectivas, conseguindo, no entanto, avaliá-las na base simples mas difícil da consciência humana: o inapelável tribunal dos justos que se encontra no fundo de cada um de nós e que, tal como no livro de Primo Levi, procuramos trazer à luz do dia.
Encenação: Rui Louro Mendes.
Iluminação: José Carlos Ramos.
Vídeo e Grafismo: Manuel Carvalho.
Produção Musical: Alexandre Pértega Gomes.
Colaboração: Agostinho Moreira, Carla Martins, Gonçalo Brandão, Jorge Saldanha e Margarida
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