TEMPO PASCAL

tpascal1Para os primeiros cristãos, a Páscoa não era apenas a festa por excelência ou a festa das festas, mas a única festa ao lado da qual mais nenhuma existia.

Festa única de sete semanas (49 dias + 1), a Páscoa celebrava a Ressurreição do Senhor: o tempo antigo tinha definitivamente terminado com o Ressuscitado, mas esperava-se ainda a inauguração do Tempo Novo com a vinda do Espírito Santo.

Porquê então uma festa de sete semanas?

Recordemos a explicação de Eusébio de Cesareia (c. 263 – c. 339):

“Depois da Páscoa, celebramos o Pentecostes durante sete semanas inteiras, do mesmo modo que mantivemos, com coragem, durante as seis anteriores à Páscoa, a observância quaresmal. … Às fadigas suportadas durante a Quaresma, sucede justamente uma segunda festa de sete semanas que multiplica para nós o descanso, de que o número sete é símbolo” (De sollemnitate paschali, 2.4.5: PG 24, 693 ss).

Este conjunto de 50 dias designava-se originariamente Pentecostes (palavra de origem grega formada com o prefixo penta que quer dizer cinco).

Neste tempo litúrgico, a Igreja recorda as variadas experiências de Jesus Ressuscitado: as aparições aos Discípulos, a ascensão à Glória do Pai, o dom do Espírito. Nenhum destes acontecimentos no entanto se celebra isoladamente, fragmentado, antes de uma forma una e indissociável.

De facto, a Igreja Primitiva seguiu em tudo o critério do Evangelho de João que não os reparte de forma cronológica mas antes os reúne e contempla de modo unitário, como que se tivessem acontecido fora do tempo. É precisamente a experiência desta grande realidade, vivida com intensidade ao longo de toda a cinquentena, espécie de ressonância da alegria pascal, que enche de alegria a comunidade cristã.

Assim, enquanto a Quaresma foi um tempo de exercício ou luta ascética contra as paixões e maus desejos que mancham e degradam o Homem, a cinquentena celebra a glorificação de todos os baptizados em Cristo. Daí que vários Padres da Igreja lhe chamem um grande domingo (Atanásio de Alexandria, Ireneu, Tertuliano).

Serra do Pilar, 2014.04.27

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