Cavalo Dinheiro, filme de Pedro Costa
O cinema é imagem em movimento. E, no filme, a imagem é belíssima. E com ela se diz do 25 de Abril, de uma sociedade perturbada encontrada em Lisboa por quem chegava das ilhas atlânticas, do desenraizamento, da exploração laboral (Cuf, Lisnave e o célebre J. Pimenta), da saudade da terra, da separação das gerações, do desespero, etc. Só imagem. Palavra quase não há. E música, quase só me lembro do Alto Cutelo, do Ildo Lobo, versão cabo-verdiana do Eles comem tudo e não deixam nada!, de José Afonso: «Ali, el ta trabadja na tchuba na bento, Na Cuf, na Lisnave e na Jota Pimenta / Mon d’obra barato, …, baraca sem luz…».
Em pleno Advento — que não é tempo de preparar seja o que for mas sim de atender aos sinais do tempo, de vigilar — aí está Cavalo Dinheiro. Para que não mereçais a reprimenda: “Hipócritas! como é que não sabeis reconhecer o tempo presente?” (Lc 12,56).