Muitas vezes ou quase sempre, as relações entre a religião e a política, são intensas a de conveniência. Sobretudo em questões económicas. O poder religioso e o político têm muitas vezes necessidade um do outro e ajudado igualmente. Concretamente, muitas vezes, o poder político favorece o religioso – donativos e até isenções fiscais – e o religioso legitimando as decisões do rei ou do imperador, do rei ou presidente.
No tempo de Jesus, como sabemos, os judeus tinham de pagar impostos aos romanos. Ou seja, suportavam a humilhação de viverem dominados pela potência do império e tinham também de pagar impostos, e grandes.
Claro que as pessoas resistiam a pagá-los, pois até porque não eram para melhorar as suas condições de vida.
Por isso perguntavam a Jesus como podia ser!
Metiam-no num aperto: se dizia que era preciso pagar, o povo exasperava-se, se dizia que não, tinha de enfrentar os militares romanos.
A famosa resposta de Jesus: O que é de Cesar é de César, o que é de Deus é de Deus, O culto que Jesus queria não era o culto do Templo, era o culto da Liberdade perante os poderes deste mundo, sem consertos nem habilidades, em “espírito e em verdade”, diria João (4,21-24).
E a isso não estavam dispostos os fariseus.
Mas no ano 538 aC, Ciro, o Persa (2 Cro 36,22 /Esd 1,1; Is 44,28) sobe por aquele Médio Oriente acima e conquista a Babilónia, ano 539 aC, proclamando que os deportados judeus podem voltar à sua terra: “Eis o que o Senhor a Ciro, seu ungido: Vou derrubar as nações à tua frente, desatar o cinto dos reis, abrir-te as portas das [suas) cidades. Nenhuma ficará fechada. Irei diante de ti a aplanar-te os caminhos pedregosos” (Is 45, 1-2).
Os judeus exilados estão, portanto, a partir de agora, autorizados a regressar à sua terra de Judá, em particular a Jerusalém, para reconstruir o Templo. E obrigou a Babilónia a devolver ao Templo todos os tesouros arrebatados, e deu mesmo dinheiro para pagar a reconstrução do Templo.
Claro que os melhores judeus do tempo, os profetas, concluíram que Ciro havia sido escolhido por Deus para libertar o seu Povo exilado: “Para que se cumprisse a Palavra do Senhor, Ciro, rei da Pérsia, mandou publicar em todo o seu reino o seguinte decreto: ‘O Senhor, Deus do céu encarregou-me de lhe construir um templo em Jerusalém’” (Esd 1,1). “Eis o que o Senhor… diz a Ciro: ‘És o meu pastor e cumprirás em tudo a minha vontade’. E a Jerusalém dirás: ‘Serás reedificada’, como ao Templo ‘Serás reconstruído’” (Is 44).
Que diria Israel a tudo isto? “Desperta, Jerusalém! Eu, o Senhor, sou o teu Deus! Desperta e levanta-te! Reveste-te da tua força, Jerusalém, cidade santa! Fugi da Babilónia…, mas não às escondidas: o Senhor irá diante de vós e o Deus de Israel seguirá na vossa retaguarda!” (Is 51 e 52). ”Saireis radiantes de alegria e ireis em paz para vossas casas. Montanhas e colinas irromperão a cantar diante de vós, a cantar. E todas as árvores dos campos em que passardes vos aplaudirão. Em vez de silvas crescerão ciprestes, e em vez de urtigas crescerá a murta. Isto será um título de glória para o Senhor e um sinal eterno que jamais perecerá” (Is 55).
Eu, o Senhor, sou o Senhor e mais ninguém!” (Is 45,6), ouviste?
Parece que não!