É mesmo necessário

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É mesmo necessário (1Cor 11,19)

Arlindo de Magalhães | Serra do Pilar 2015 | 280 páginas

Sei agora que, na vida das comunidades, a crise é um momento tão importante como a exaltação dos começos. Só que é também tempo de sofrimento tão intenso como os inícios o são de esperança.

Paulo já prevenira: “É mesmo necessário que haja divisões entre vós, para que se tornem conhecidos aqueles de vós que resistem a esta provação” (1 Cor 11, 19). Isto já eu o lera muitas vezes. Mas nunca o experimentara. Mas “o que não experimentaste não cuides que o sabes bem”, já dizia Sá de Miranda.

Os textos que seguem são sobretudo homilias, escritas ao correr de anos, num esforço de leitura de uma situação real, em que se tentou escutar “o que o Espírito dizia à Igreja” (Ap 2 e 3). Tudo começou em 1992, como segue. Inesperadamente, a Comunidade foi confrontada com uma situação de todo nova e exaltante. Mas o desafio da novidade calou o primeiro alerta. E, pouco a pouco, os velhos sintomas vieram ao de cima com violência redobrada. Não foi fácil nem rápido – incapacidades humanas – ler a situação e dar-lhe resposta. Com o tempo a rodar, quase se não evitava o desastre. Uma vez, há muitos anos, a sacudir uma vespa  de dentro do meu 4L, acabei estampado no carro que me precedia.

São textos doloridos e tacteantes, estes. Mas verdadeiros. Tendo sempre presente a citação de Edgar Morin:

“A crise pode resolver-se no regresso ao estado anterior à própria crise, mas o que é próprio de um sistema hiper complexo em crise é desencadear soluções no que podem ser imaginárias, mitológicas ou mágicas, como, pelo contrário, práticas e criativas. (…) Deste modo, a crise é potencialmente geradora de ilusões e/ou de actividades inventivas. Duma maneira mais geral, a crise pode ser fonte de progresso e/ou de regressão. O homem, tecido de contradições, é portanto um animal crísico; é, ao mesmo tempo, a fonte dos seus falhanços, dos seus sucessos, das suas invenções e da sua neurose fundamental”.

Partilhar é uma lei fundamental para o cristão. Aí fica tudo, sem nomes nem factos. Mas com verdade.

Arlindo de Magalhães 

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